HACKEANDO A… SXSW 2024

Em 2024, a edição do South by Southwest (SXSW) ocorre de 08 a 16 de março. Considerado um dos maiores encontros de tecnologia, música, inovações e cultura do mundo, tradicionalmente o evento é realizado em Austin (EUA).

A feira tem como foco profissionais de todo o planeta e oferece uma grande gama de atividades, como palestras, apresentações, exibições de filmes e produtos audiovisuais, gera oportunidades de networking, mostra competições de tecnologia, cerimônias de premiação e muito mais.

Alguns destaques do SXSW 2024

Personalidades marcantes confirmaram presença, como Selena Gomez, Jane Fonda, Wagner Moura, Elijah Wood, Daisy Ridley e Julie Bown. A ex-atriz e agora Duquesa de Sussex Meghan Markle também esteve presente na data de estreia, no Dia Internacional da Mulher, e apresentou a palestra “Quebrando barreiras, moldando narrativas: como as mulheres lideram dentro e fora da tela”.

Além disso, as principais tendências do SXSW seguem em assuntos já abordados anteriormente, mas que ainda estão em alta, como inteligência artificial, mudanças climáticas e processo criativo por trás da criação de conteúdos cinematográficos.

Delegação brasileira em peso

Repetindo o sucesso da edição 2023, o Brasil garante presença massiva novamente. Neste ano, são esperados mais de 2 mil participantes brasileiros. Marcelo D2 e outros artistas também comparecerão, além de quatro startups nacionais.

“Não divulgamos números exatos até o fim do evento, mas a estimativa é que teremos 50 mil participantes credenciados. Destes, 30% são de fora dos Estados Unidos. E desse número, o maior país é o Brasil”, explica Hugh Forrest, copresidente e diretor de programação do SXSW.

Amy Webb, CEO do Future Today Institute

“Os superciclos eram definidos por apenas uma tecnologia de uso geral. Agora, são várias tecnologias que vão transformar tudo. Somos a “Gen T”, uma geração de transição. Nossa existência e sociedade parecerá muito diferente depois que esta transição completar o seu ciclo.”

Elizabeth Bramson-Boudreau, CEO e Publisher na MIT Technology Review

“Sabemos que a IA será transformadora, mas só 9% dos mil executivos que consultamos têm um case funcional de IA generativa. A maioria ainda sente que precisa entender melhor os riscos antes de adotar nas suas empresas.”

Firdaous El Honsali, VP de Comunicação Externa da Unilever para Dove

“Se os criadores e influenciadores não acreditarem no propósito da sua marca, eles não vão falar sobre isso de forma autêntica. Especialmente se você não estiver fazendo a coisa certa por trás do seu discurso. São eles que ditam a relevância cultural das marcas.”

Justin Winters, Diretora executiva da OneEarth

“Há três coisas que precisamos para lidar com a crise climática: fazer a transição para energia 100% renovável, proteger e restaurar as terras e oceanos do mundo — e grande parte por meio da preservação de terras indígenas. E depois mudar nossos sistemas alimentares para a agricultura regenerativa.”

Jessica Robertson, co-fundadora e Chief Content Officer da Togethxr

“Decisores estão finalmente sendo responsabilizados por investir de forma tão diferente em esportes femininos e masculinos. Agora é uma questão de negócios. Se você não está investindo em esporte feminino, seja como mídia ou como marca, está atrasado e perdendo oportunidades.”

Ray Kurzweil, inventor, escritor e futurista

“Eu prevejo que a Singularidade ocorrerá por volta de 2045, com a inteligência artificial superando a inteligência humana e transformando a sociedade. Em 1999, eu previ que a inteligência artificial passaria o teste de Turing em 2029, mas isso pode acontecer antes devido ao rápido progresso acelerado que temos visto.”

Joanna Piacenza, Head de Industry Intelligence na Morning Consult

“Os pais millennials estão criando um ambiente onde as crianças da geração alpha estão se tornando tomadores de decisão muito cedo. Eles estão se tornando parte do processo, têm influência de compra e muita opinião sobre marcas que preferem.”

Joana Thimoteo, Diretora de Eventos Esportivos na Globo

“A gente vem trazendo a tecnologia a nosso favor para que possamos ter eficiência sem perder qualidade na entrega de conteúdo. Estamos prevendo cobertura das Olimpíadas com IA, estúdios em 3D, jornada de transmissões ao vivo e um programa especial. A curadoria foi pensada no Brasil e no brasileiro para alcançar o coração da audiência.”

Fim das redes sociais, Era da Cultura ou Cocriação?

A SXSW 2024 explorou o declínio da era das redes sociais, marcando a transição para uma nova fase intitulada “Era da Cultura”. Esta mudança destaca a evolução das plataformas, agora impulsionadas por interesses compartilhados e algoritmos personalizados. O desafio para as marcas é manter sua relevância, adotando estratégias que enfatizem a inteligência cultural, flexibilidade na identidade da marca, colaboração com os consumidores, criação de conteúdo provocativo, aquisição de defensores em vez de apenas fãs, e proporcionando entretenimento autêntico. Contudo, foram levantados questionamentos sobre a denominação “Era da Cultura”, sugerindo que o aspecto diferenciador atual está na oportunidade de cocriação entre marcas e consumidores, levantando a questão se seria mais apropriado nomear este período como “Era da Cocriação”.

Qual o segredo de uma Collab duradoura?

Fernando Machado, conselheiro de marketing da NotCo, e Jay Livingston, CMO do Shake Shack, discutiram sobre a importância da colaboração entre marcas. Eles ressaltaram que o êxito de uma colaboração duradoura vai além da simples junção de esforços, destacando três elementos cruciais. Em primeiro lugar, é imprescindível possuir uma visão unificada, com metas compartilhadas e uma compreensão mútua dos benefícios para ambas as partes envolvidas. Além disso, a complementaridade entre os parceiros, trazendo habilidades ou recursos distintos para a mesa, é fundamental. Por último, a concordância nos valores e na visão de futuro é vital para enfrentar desafios e manter a parceria produtiva ao longo do tempo.

A Geração T, a geração da “Transição”

Amy Webb, Whurley e o MIT Tech Review destacam a era atual como propícia para avanços tecnológicos significativos. As palestras enfatizaram o conceito de uma “Geração T” de transição, imersa em FUD (medo, incerteza e dúvida), que experimentará um superciclo de tecnologia comparável à invenção do motor a vapor e da eletricidade. Segundo eles, a combinação de inteligência artificial, ecossistemas conectados e biotecnologia conduzirá a um Superciclo Tecnológico, prevendo a ascensão dos Large Action Models (LAMs). Dispositivos como o Apple Vision Pro e Meta Quest, denominados “Face Computers”, serão capazes de prever intenções por meio de sensores e câmeras. A biotecnologia já apresenta inovações, como drogas para perda de peso e tratamentos baseados em CRISPR. Apesar das preocupações, Whurley enfatiza que entender a tecnologia é essencial para garantir seu uso adequado.

IA, novamente, ganha grande destaque

Na SXSW 2024, a Inteligência Artificial (IA) foi destaque com discussões sobre tendências tecnológicas para o ano. Entre as principais inovações, destacam-se os “Chiplets”, chips especializados em tarefas específicas, o primeiro tratamento de edição genética com a aprovação regulatória para tratar a doença falciforme utilizando a ferramenta CRISPR, o Apple Vision Pro como dispositivo de entretenimento imersivo, sistemas geotérmicos para geração de energia, bombas de calor que reduzem a pegada de carbono na produção de biogás, e surgimento de aplicativos e plataformas como alternativas ao Twitter, chamados de “Twitter Killers”. O evento mostrou o contínuo progresso da IA e suas aplicações transformadoras em diversos setores.

Super Ciclos tecnológicos

A futurista Amy Webb apresentou no SXSW a ideia de um novo “superciclo tecnológico” impulsionado por Inteligência Artificial, Ecossistemas Conectados das Coisas e Biotecnologia, que remodelará profundamente a sociedade e economia. Ela destacou a necessidade de líderes empresariais, investidores e formuladores de políticas entenderem essas tecnologias para evitar serem engolidos por essa mudança. Webb também abordou a insegurança e a paralisia de tomadores de decisão diante dessas inovações, incentivando uma compreensão mais profunda para incorporar as tendências tecnológicas nas organizações. O desafio é superar a incerteza e abraçar o potencial transformador dessas tecnologias.