Hacks Web Summit Rio 2025: o futuro se constrói na cocriação de humanos e máquinas

5 de maio de 2025 23 minutos
web summit rio 2025

MARKETING & BRANDING
IA APLICADA A NEGÓCIOS
IA E O FUTURO DO TRABALHO
DEMOCRATIZAÇÃO DA IA
ECONOMIA & INVESTIMENTO
SUSTENTABILIDADE & CLIMA

Entre 27 e 30 de abril de 2025, o Riocentro, no Rio de Janeiro, foi palco da terceira e maior edição do Web Summit Rio, consolidando a cidade como um epicentro da tecnologia e inovação na América Latina. Reunindo números recordes – mais de 34 mil participantes, quase 1400 startups e mais de 650 investidores globais – o evento não foi apenas uma vitrine de tendências, mas um termômetro das transformações aceleradas que já impactam negócios, carreiras e a sociedade.

Embora a Inteligência Artificial tenha sido um tema transversal, confirmada como uma realidade presente que exige adaptação imediata, as discussões no Web Summit Rio 2025 foram muito além. O evento explorou as transformações no marketing, na creator economy e nos modelos de negócio digitais, ao mesmo tempo em que debateu as novas fronteiras da economia digital, incluindo investimentos e criptoativos. Igualmente cruciais foram as conversas sobre sustentabilidade e a responsabilidade ESG, conectando inovação tecnológica aos desafios globais mais urgentes.

Este artigo compila os principais insights, dados, alertas e visões compartilhadas por líderes e especialistas durante o evento. Explore a seguir os aprendizados e compreenda as tendências que estão moldando o futuro!

MARKETING & BRANDING

TikTok: Viralização, busca Social e lançamento de Search Ads

No Web Summit Rio 2025, Carolina Baracat, Global Head de Marketing do TikTok, compartilhou insights sobre como ganhar relevância na plataforma. Ela enfatizou que a viralização vem de boas práticas, não de fórmulas mágicas, detalhando a regra dos 3 R’s: o Ritmo busca prender a atenção rapidamente com um gancho; a Rima consiste em repetir a mensagem central; e a Razão exige um propósito claro para o vídeo. Baracat também destacou a importância da autenticidade, lembrando que o TikTok prioriza o entretenimento e a criatividade.

Abordando a função de busca, Baracat a descreveu como visual, interativa e social. Explicou que o foco é a descoberta de conteúdo, facilitada pela aba “Para Você”, que oferece sugestões personalizadas, e pela aba “Explorar”, que destaca tendências. Ela contrastou essa abordagem com a busca do ChatGPT, mas notou que o TikTok já inclui conteúdo educativo em suas sugestões.

Gabriela Comazzetto, Head de Global Business Solutions do TikTok, complementou com dados expressivos da plataforma: são mais de 1 bilhão de usuários ativos, que utilizam o app em média por 1h30 diariamente. Destes, 57% usam a função de busca, e 23% iniciam uma pesquisa logo nos primeiros 30 segundos de uso.

O grande anúncio de Comazzetto foi o lançamento do Search Ads no Brasil. Essa ferramenta permite que marcas comprem palavras-chave para que seus vídeos apareçam nos resultados de busca dos usuários. Ela reforçou que o TikTok se consolida como uma poderosa ferramenta de descoberta de conteúdos, produtos e serviços. Citou como prova que 78% dos usuários relatam ter visto algo no TikTok em seu dia a dia e 81% afirmam descobrir novos tópicos na plataforma. Finalizou descrevendo a busca como autêntica, divertida e concisa, representando uma oportunidade estratégica valiosa para as marcas.

LinkedIn: O poder da influência autêntica no B2B

Em uma masterclass no Web Summit Rio, Bruna Infurna e Luiz Gustavo Ribeiro, do LinkedIn, abordaram como amplificar a presença de marcas B2B na plataforma. A conclusão central foi que a força real reside na autenticidade das pessoas – sejam executivos, colaboradores ou influenciadores – e não apenas na comunicação corporativa direta.

Dados de um estudo do próprio LinkedIn reforçaram a importância dos influenciadores B2B: 58% das pessoas descobrem novas marcas através deles, 56% se informam sobre tendências do setor por essa via e 51% visitam sites de empresas após serem expostos a conteúdo de influenciadores, impactando visibilidade, autoridade e tráfego qualificado. Além disso, destacou-se que o conteúdo compartilhado por executivos e colaboradores pode gerar um alcance até 12 vezes maior que posts institucionais, evidenciando o poder da comunicação pessoal.

Para medir o sucesso dessas ações de influência, a masterclass propôs um foco em três elementos principais: as Ações específicas realizadas para engajar, os Resultados alinhados aos objetivos de negócio (como alcance ou tráfego) e os Impactos observados no comportamento do público.

A palestra também trouxe uma reflexão estratégica para agências e marcas: é preciso incluir os B2B Creators no planejamento, pois eles impactam múltiplas etapas do funil de vendas. A recomendação foi que as empresas se preparem para o crescimento deste mercado de influenciadores B2B, onde a profissionalização, incluindo o uso de mídia kits, será cada vez mais importante.

Por fim, a mensagem principal foi que a influência eficaz no LinkedIn não se trata de autopromoção, mas de gerar valor genuíno e estabelecer conexões humanas. O futuro da influência na plataforma será cada vez mais protagonizado por pessoas autênticas, sendo esta a chave para um engajamento real e duradouro.

O futuro do tráfego orgânico

No Web Summit Rio 2025, Neil Patel – referência em Marketing Digital –  fez um alerta: o tráfego orgânico, como conhecemos, está em queda — e as empresas que continuarem priorizando apenas o volume de visitantes correm o risco de perder relevância. Com o avanço da inteligência artificial e a transformação no comportamento de busca, o foco precisa migrar do tráfego para o que realmente importa: geração de receita e valor real para o negócio.

Patel chamou atenção para dados preocupantes: atualmente, 60% das buscas no Google não resultam em cliques, pois os usuários recebem respostas diretamente na página de resultados. Isso é uma consequência direta do uso de IA, que fornece respostas imediatas sem que o usuário precise acessar outros sites. E a tendência é que isso só aumente. Ele alertou que, até 2028, o tráfego orgânico pode cair até 50%, o que exige uma mudança radical na forma como as marcas trabalham SEO e conteúdo. Em paralelo, ele trouxe outro dado importante: 67% das pesquisas de intenção de compra já acontecem nas redes sociais, como TikTok e Instagram, em vez de mecanismos de busca tradicionais. Isso obriga as marcas a se posicionarem de forma relevante e adaptada a cada canal.

Neil enfatizou que o problema não é a queda do tráfego em si, mas a insistência em medir sucesso por métricas ultrapassadas. O que realmente importa é o quanto esse tráfego contribui para conversões e receita. Algumas dicas:

  • Trabalhar a repetição da marca em diferentes canais para aumentar a familiaridade e a chance de conversão.
  • Ajustar as estratégias de palavras-chave para refletir buscas mais longas, naturais e conversacionais.
  • Investir em conteúdo multimídia: vídeos, imagens e áudios são cada vez mais valorizados nas buscas e nas redes.
  • Construir autoridade real — o Google prioriza marcas reconhecidas, com conteúdo original e provas sociais consistentes.

No final das contas, o que Patel propôs foi um novo olhar sobre SEO. Ele não acabou — mas se transformou. Um SEO que dialoga com branding, relações públicas e conteúdo útil. Um SEO que compreende a jornada do consumidor moderno, que navega entre plataformas, utiliza IA, realiza buscas por voz e toma decisões sem necessariamente visitar um site. Quem continuar apostando apenas em rankings corre o risco de desaparecer da conversa.

Oportunidades para Marcas no Universo Gamer

No Web Summit Rio 2025, especialistas ressaltaram o vasto potencial estratégico do mercado de games para marcas, um setor que movimenta US$ 250 bilhões (previsão para 2025) e engaja 3 bilhões de jogadores globalmente. O consenso foi que os games deixaram de ser nicho para se tornar um centro de cultura e engajamento.

André Britto, CMO da Bauducco, aconselhou as marcas a adotarem um planejamento de longo prazo e a focarem na criação de conexões autênticas, especialmente porque 92% do público ignora anúncios tradicionais. Ele compartilhou que a Bauducco iniciou sua estratégia ouvindo consumidores nas redes sociais e construindo uma presença consistente por meio de eventos e parcerias com influenciadores.

Bruna Soares, da Ubisoft, destacou a evolução e diversificação do perfil gamer, com forte presença em plataformas móveis e de cloud gaming. Ela recomendou que as marcas compreendam essa mudança e invistam em experiências imersivas e relevantes, como eventos dentro dos jogos e patrocínios de equipes de eSports – nome dado às competições profissionais e organizadas de videogames.

Nicolle Merhy, CEO da Black Dragons, enfatizou a importância das marcas respeitarem as comunidades específicas de cada jogo, como as “tribos” de Fortnite ou CS, e de se posicionarem de maneira genuína. A crescente profissionalização dos eSports, exemplificada por investimentos como o de Neymar, sinaliza, segundo ela, o amadurecimento do setor e seu alto potencial de engajamento.

A conclusão do painel foi clara: os games representam uma oportunidade única para as marcas construírem conexões estratégicas e duradouras. Com o número de jogadores em ascensão e a inclusão dos eSports nas Olimpíadas de 2026, o mercado gamer se consolida como uma das maiores e mais promissoras fronteiras do marketing.

Tendências de Marketing: Equilibrando Dados, IA e Conexão Humana

No Web Summit Rio, um painel com Jason Carmel, líder global de Creative Data na VML, e Diana Ramírez, responsável pela publicidade do Spotify na América Latina, debateu as tendências e tensões do marketing moderno, focando no equilíbrio entre tecnologia (dados, IA) e conexão humana genuína.

Ramírez, do Spotify, ilustrou o cenário com o alto consumo de áudio na América Latina – o brasileiro consome em média duas horas diárias – e o crescimento de 60% dos videocasts, que indicam um caminho promissor para engajamento autêntico. Ela também notou que a base de usuários autenticados da plataforma favorece uma personalização segura com dados primários.

O debate aprofundou-se na redefinição do papel da IA no marketing. Carmel, da VML, foi enfático ao dizer que a IA deve ser vista como um meio, não um fim, e que seu uso se tornará tão comum quanto ter Wi-Fi. Ele criticou a substituição de profissionais criativos por IA como uma incompreensão da tecnologia e do processo criativo, argumentando que o valor real da IA está em ajudar a entregar a mensagem certa para a pessoa certa, e não apenas em automatizar processos.

A personalização, embora potencializada por dados, exige cautela. Ramírez alertou que automatizar sem curadoria humana é perigoso. A recomendação do painel foi combinar tecnologia com co-criação, unindo marcas, criadores e ferramentas para gerar relevância. Isso se conecta à força crescente da economia dos criadores, onde o público, saturado de conteúdo, busca cada vez mais a autenticidade encontrada em pessoas e histórias reais.

A conclusão principal do painel foi que o verdadeiro diferencial competitivo não reside apenas em adotar a IA, mas na capacidade das empresas de compreenderem o impacto cultural, social e emocional das tecnologias que implementam. Inovar significa ir além de seguir tendências, percebendo o que perdeu sentido e buscando construir novas e significativas formas de conexão com o público.

4 Perfis de Consumidores Desafiando Marcas até 2027

Carla Buzasi, CEO da WGSN, apresentou no Web Summit Rio quatro perfis de consumidores que devem moldar o mercado até 2027. Esses perfis refletem uma busca crescente por desconexão digital, autenticidade e experiências emocionais, exigindo estratégias inovadoras e sensíveis por parte das marcas.

Os perfis identificados foram:

  1. Guardas de privacidade: Buscam ativamente se desconectar da sobrecarga digital. Para eles, as marcas devem criar experiências exclusivas, seguras e com curadoria, como o desenvolvimento de ferramentas que auxiliam na organização ou no bloqueio digital, a exemplo de dispositivos que pausam o Wi-Fi.
  2. Convencionalistas: Procuram desacelerar e valorizam experiências mais simples e offline. Investem em produtos físicos e nostálgicos, como discos de vinil ou o retorno a lojas físicas, e esperam das marcas experiências personalizadas e analógicas.
  3. Novos independentes: Desconfiam de informações e fontes tradicionais, apoiando-se mais em influenciadores e na filosofia do “faça você mesmo”. As marcas que desejam se conectar com eles precisam ser transparentes, autênticas e apoiar a verificação de fatos; um exemplo citado foi a marca Specialized, que revitaliza bicicletas antigas.
  4. Energizadores: Valorizam momentos que trazem alegria, surpresa e bem-estar ao cotidiano. Buscam marcas que proporcionem experiências inesperadas e divertidas no dia a dia, como colaborações criativas e inusitadas entre marcas (a exemplo de beleza e Ketchup Heinz) ou a gamificação de pequenas vitórias diárias (como os alarmes temáticos da Nintendo).

Buzasi concluiu enfatizando a importância de as marcas oferecerem experiências emocionais, autênticas e personalizadas. Segundo ela, será determinante equilibrar o uso da tecnologia com o físico e o sensorial, respondendo assim à demanda crescente por humanização e relevância nas interações com o consumidor.

Creator Economy: O Uso da IA e os Limites da Vida Conectada

Um painel de destaque no Web Summit Rio 2025 reuniu figuras influentes da creator economy brasileira – Jade Picon, Bianca Andrade (Boca Rosa) e Bruno Rocha (Hugo Gloss) – para uma conversa franca que navegou por dois temas centrais da atualidade digital: o uso da Inteligência Artificial na criação de conteúdo e o impacto das redes sociais na saúde mental.

Hugo Gloss compartilhou sua experiência prática utilizando ferramentas como o ChatGPT para otimizar tarefas operacionais e de organização. No entanto, ele soou um forte alerta sobre a necessidade indispensável de verificar criticamente as informações geradas pela IA, dado o risco de erros, e levantou preocupações éticas e de direitos autorais importantes, especialmente no entretenimento, como a replicação de vozes.

Bianca Andrade ofereceu uma visão equilibrada, revelando como utiliza a IA para acelerar processos e dar agilidade à sua marca, Boca Rosa, mas expressando uma postura mais “conservadora” quanto ao uso da tecnologia na parte criativa e de comunicação. Essencialmente, Bianca também conectou o uso da tecnologia ao bem-estar, falando sobre os prejuízos do uso excessivo do celular para a saúde mental e a importância de criar momentos de desconexão.

Jade Picon complementou o debate focando na saúde mental como uma “construção” diária. Ela enfatizou que, diante da exposição e pressão online, é fundamental priorizar o autocuidado (corpo, mente e alma) e estabelecer limites claros, fazendo pausas conscientes do ambiente digital.

A discussão conjunta, portanto, refletiu os dilemas e as estratégias dos criadores de conteúdo ao lidar simultaneamente com as novas ferramentas de eficiência (IA) e os desafios de manter o equilíbrio e a saúde mental em um ecossistema digital hiperconectado.

IA APLICADA AOS NEGÓCIOS

Uso de IA e automação aumenta produtividade e melhora experiência dos clientes

No Web Summit Rio, Juliana Rios, VP de Digital e Tecnologia da Latam, apresentou uma visão clara sobre o papel transformador da tecnologia nos negócios. O ponto central de sua fala foi que o uso estratégico de ferramentas de inteligência artificial (IA) e automação resulta diretamente em ganhos de produtividade para as empresas e, de forma decisiva, em uma melhora significativa na experiência oferecida aos clientes.

Rios argumentou que, para as companhias inovarem, é fundamental que a tecnologia ocupe o centro das decisões e operações, deixando de ser uma área isolada. Ela enfatizou que a tecnologia é um “grande facilitador da experiência” do consumidor.

Na prática, a executiva mencionou que a tecnologia permite customizar interações e ofertas individuais. Usou o exemplo da jornada de viagem, onde IA e automação devem garantir que a “conexão” entre diferentes serviços funcione de forma fluida. Essa capacidade de personalizar e integrar a experiência, superando modelos genéricos, é a chave para encantar clientes hoje.

IA está moldando o futuro do setor financeiro

No Web Summit Rio, Anderson Chamon, co-fundador e vice-presidente de Novos Negócios do PicPay, destacou que a Inteligência Artificial, especialmente a Generativa (GenAI), está promovendo uma transformação profunda no setor financeiro. Ele explicou que a GenAI permite analisar grandes volumes de dados não estruturados, escalando novas e sofisticadas aplicações de IA. Como exemplos, citou agentes de atendimento resolvendo mais de 50% dos casos e pagamentos complexos via comandos de texto, áudio ou imagem (Pix via WhatsApp).

Olhando para o futuro, Chamon vislumbra um ecossistema financeiro mais integrado e conversacional, com agentes inteligentes funcionando como “private bankers” personalizados, oferecendo aconselhamento proativo e interações “acionáveis” entre instituições. Além da hiper-personalização, reforçou o impacto na produtividade interna com “copilotos” e alta adesão (mais de 80% dos colaboradores usando IA).

Contudo, Chamon fez um alerta ético essencial sobre o risco de vieses nos algoritmos (ex: análise de crédito), que podem perpetuar discriminações, sendo esta uma preocupação central na construção de um ecossistema financeiro com IA.

Dados e IA no varejo

Um painel no Web Summit Rio com Fabio Faccio (CEO da Renner), Flávia Barros (CMO da Leroy Merlin) e Victor Popper (CEO da Loja Integrada) concluiu que a captura de dados dos consumidores e sua aplicação estratégica com IA são primordiais para impulsionar os resultados no varejo.

Faccio, da Renner, detalhou que na moda, a IA precisa analisar não só o consumidor, mas também atributos específicos dos produtos (tamanho, cor) para refinar a oferta. Barros, da Leroy Merlin, enfatizou a necessidade de aliar dados à psicologia do consumidor, pois a tecnologia não substitui o contato humano e a empatia, citando o componente emocional de uma reforma residencial.

Popper, da Loja Integrada, defendeu enfaticamente a IA, compartilhando um exemplo pessoal de sucesso com conteúdo gerado por IA que superou o da equipe profissional. O consenso foi que, embora a IA seja inicial, é preciso experimentar agora, e que dados sozinhos não bastam: é fundamental combiná-los com conhecimento do negócio e usar a tecnologia estrategicamente.

IA E FUTURO DO TRABALHO

IA não é o futuro do trabalho, é o presente

O impacto imediato da IA no mercado de trabalho foi tema central no Web Summit Rio 2025. O consenso entre executivos foi que a adaptação é uma necessidade presente, não futura. A mensagem direta, ecoada por líderes como Priscyla Laham (Microsoft Brasil), foi que profissionais não serão substituídos pela IA, mas por outros que dominam a tecnologia.

Justina Nixon-Saintil (IBM) reforçou: “IA não é futuro do trabalho: é o presente”. A urgência em desenvolver fluência em IA é imediata, dada a lacuna de habilidades no mercado. Chris Stephens (Groq) enfatizou a necessidade de alfabetização em IA para todos os setores (marketing, finanças, etc.). O essencial é saber interagir com as ferramentas: engenharia de prompt, análise crítica e validação.

Apesar da rápida transformação, Márcio Aguiar (Nvidia) lembrou que “é só o início”, demandando tempo para aprendizado. Maren Lau (Meta) viu a IA como uma revolução que “abre um mundo de novas possibilidades” para os preparados.

A Importância da Ética na IA para o Futuro Profissional

Além das novas habilidades, o Web Summit Rio 2025 destacou a implementação responsável e benéfica da IA. Executivos como Justina Nixon-Saintil (IBM) e Chris Stephens (Groq) ressaltaram que a ética é um pilar fundamental, não um complemento.

A preocupação principal são os riscos de vieses algorítmicos, que podem ampliar desigualdades. Nixon-Saintil defendeu uma IA “explicável, transparente e justa”, alertando que todo modelo tem viés e, por isso, é importante diversidade nas equipes e inclusão de profissionais de impacto social.

A educação surge como chave para capacitar, democratizar o acesso e superar o medo. Iniciativas como o IBM SkillsBuild foram apresentadas como modelos de formação gratuita (fundamentos de IA, ética, dados, prompt engineering). O perfil de talento desejado combina competências técnicas (IA, dados, ética) com habilidades comportamentais (pensamento estratégico, criatividade, colaboração).

Destacou-se o potencial da IA para transformação social positiva, com o objetivo final de capacitar pessoas não só a usar, mas a criar as próximas inovações de forma justa.

DEMOCRATIZAÇÃO DA IA

Acesso, Parcerias e Desafios Globais

A democratização do acesso à Inteligência Artificial, a importância de ecossistemas colaborativos e os desafios inerentes a essa expansão foram temas centrais discutidos por líderes da Nvidia, Meta e Google Cloud no Web Summit Rio 2025.

Duas abordagens principais para ampliar o acesso à IA foram destacadas. Por um lado, Marcio Aguiar, diretor da NVIDIA Enterprise para a América Latina, ressaltou o esforço em tornar a tecnologia mais acessível ao reduzir a complexidade e os custos de infraestrutura de hardware, por meio de plataformas e suporte. A Nvidia detém posição dominante no mercado de GPUs. Por outro lado, Maren Lau, head da Meta para a América Latina, defendeu os modelos de IA de código aberto, como o Llama, permitindo que outros construam sobre eles e acelerem a inovação de forma descentralizada, como ocorreu com Linux e a internet.

Complementando a visão de acesso, Patricia Florissi, diretora técnica do Google Cloud, enfatizou que o avanço da IA depende fundamentalmente de parcerias e de um ecossistema complexo e interconectado (“stack” tecnológico). O Google aposta na cooperação e oferece um “stack” integrado. Essa visão colaborativa alinha-se à da Nvidia de que a IA deve ser usada transversalmente nas empresas.

No entanto, a democratização enfrenta desafios geopolíticos, como apontado pela Nvidia. O contexto da guerra tarifária EUA-China e a “AI Diffusion Law” americana, que restringe exportação de chips avançados, impactam o ecossistema. O Brasil, em categoria intermediária, tem limites anuais para importação de GPUs (1.700-50 mil), podendo restringir a inovação local.

Por fim, Aguiar apontou a IA física (IA operando no mundo real em robôs, veículos autônomos) como o próximo grande salto tecnológico.

ECONOMIA & INVESTIMENTO

Universo dos criptoativos, blockchain e Web3

O universo dos criptoativos, blockchain e Web3 também marcou presença nas discussões do Web Summit Rio 2025. Um ponto central foi a regulação dos criptoativos no Brasil, com painéis debatendo o marco regulatório e a expectativa (mencionada pela OKX) de finalização até o fim de 2025, visando um ambiente mais claro.

Discutiu-se o uso prático de stablecoins – criptomoedas com valor estável, geralmente atrelado ao dólar – como veículo de investimento e ferramenta para dolarização de patrimônio contra inflação.

A necessidade de educação cripto foi ressaltada, com o Itaú promovendo debates sobre o tema para uma adoção mais consciente. A relevância do setor foi confirmada pela presença de players como OKX, Mercado Bitcoin e Hashdex.

Venture Capital e Investimentos

O cenário de Venture Capital (VC) e investimento em startups foi destaque no Web Summit Rio 2025. Uma discussão relevante, com VCs como QED Investors e DOMO.VC, apontou que no Brasil a venda da empresa (M&A) continua sendo a saída (exit) mais realista que o IPO.

O evento também teve foco em investimento regional, com o anúncio de um fundo de R$ 150 milhões para startups do Nordeste. A presença de palestrantes de grandes fundos globais e regionais, como Kaszek Ventures (Hernan Kazah) e Andreessen Horowitz – a16z (Angela Strange), reforçou a importância do Brasil e indicou debates sobre o clima de investimento na América Latina.

SUSTENTABILIDADE & CLIMA

Sustentabilidade, Clima e ESG: Da Transição Energética à Responsabilidade Social

Os desafios climáticos, a urgência da transição energética e a aplicação de princípios ESG (Ambiental, Social e Governança) permearam diversas discussões no Web Summit Rio 2025.

A Caminho da COP30 e a Necessidade de Mudança Sistêmica: Um painel sobre a COP30 (no Brasil) concluiu que soluções vão além das metas de emissão, exigindo repensar o sistema econômico. Jens Nielsen (World Climate Foundation) viu a COP30 como ponto de virada para implementação pós-Acordo de Paris, urgindo colaboração. Nathalie Kelley criticou o “net zero” e a globalização, sugerindo valorizar saberes indígenas e sistemas agroflorestais locais.

Transição Energética e o Papel da Tecnologia

Uma trilha dedicada à transição energética abordou o papel ambivalente da IA (otimizando eficiência vs. consumindo energia). Henrique Miguel (MCTI) destacou a vantagem do Brasil (matriz limpa) para atrair investimentos em Data Centers. Exemplos de Climate Tech, como o uso de CO2 como combustível (“The Fuel Store”), foram mencionados.

ESG na Prática: Impacto Social, Inclusão e Governança

 A agenda ESG foi além do ambiental. O Espro focou em impacto social, juventude e inclusão tecnológica, tratando ESG como essência. Temas gerais como inclusão financeira e diversidade/inclusão em tecnologia também foram destaque. Questões de governança (como ética no uso de dados, ligada à parceria Dataprev/Drumwave) foram implicitamente conectadas.

Em resumo, o evento mostrou uma visão multifacetada da sustentabilidade, ligando tecnologia (IA, Climate Tech), política (COP30), economia, responsabilidade social (ESG) e novas abordagens.

CONCLUSÃO

O Web Summit Rio 2025 deixou um recado claro: a transformação impulsionada pela tecnologia, com a Inteligência Artificial no comando, não é mais uma onda no horizonte, mas a correnteza que define o presente. Dos corredores do Riocentro emergiram não apenas anúncios e tendências, mas um retrato vívido das complexidades e oportunidades do nosso tempo.

Ficou evidente a urgência de repensar estratégias de marketing e negócios para um mundo onde a atenção é disputada, a autenticidade é valorizada e a tecnologia precisa servir à conexão humana. A adaptação do mercado de trabalho à IA é imediata, exigindo novas habilidades e um forte compromisso com a ética. As discussões sobre investimentos, startups e a nova economia digital mostraram um ecossistema vibrante, enquanto os debates sobre ESG e clima reforçaram a responsabilidade inerente ao desenvolvimento tecnológico.

Mais do que previsões, o evento ofereceu um chamado à ação estratégica e consciente. Compreender os insights aqui compilados – desde as táticas de engajamento até os desafios éticos e as macrotendências econômicas e ambientais – torna-se essencial para qualquer profissional ou empresa que deseje não apenas sobreviver, mas prosperar na dinâmica e desafiadora era digital que já vivemos.

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